domingo, dezembro 19, 2004

Árvores no peito

Que grito nasce aqui
onde habitava o silêncio?
Coleciono muitas culpas
sou sempre inquilina.

Para que guardar selos
de endereços entéricos
se há morte em tudo
e me faltam pretéritos.

A idéia me assoma
"viver não me assombra
morrer é uma sombra."

Marina Ráz.

segunda-feira, outubro 11, 2004

Centauros e Ángeles

Vamos pousar,
conter as palavras no silencio.
O corpo que se espalha no ar,
entre espinhos
não vejo nem sinto.
Meu corpo imóvel,
meu dorso indistinto.

Marina Ráz.

segunda-feira, setembro 13, 2004

Som li dão

Essa hora pássara.
E deixara vento no lugar de pegadas,
que só cães imensos poderão farejar!

Marina Ráz.

domingo, setembro 12, 2004

Umnósentido

Meu corpo num copo
me arrotam e celebram
esses homens são feras
demarcam o território
me urinam no solo.

Os sirvo novamente
cachaça, pão e ostra
degustam a última gota
como se estivessem
com um deserto na boca.

Marina Ráz

segunda-feira, agosto 30, 2004

Breve orquídea

Estanco buracos já secos
emudeço ecos, os enterro!
Ancoro navios no espaço,
sem cabaço sou um poço
san....gro....sso e espesso.

Marina Ráz.

domingo, agosto 29, 2004

A cadela rosada

Grama, grão, grama
o tempo deposita
na brita do corpo,
contorço! e a alma trama
na imensidão que triunfa
desistir |da jaula|.

Marina Ráz.
Este lado da verdade

No vácuo entre astros
as luzes surgem, são,
milhares, ares, aves!

Entre os dentes carrego
erro, o ego, um soluço
que no susto esvaziam.

A palavra que é carne
a berne sobre a pele.
Que alimenta o fato
do coração ser um cacto.

Marina Ráz.

sexta-feira, agosto 27, 2004

Só os lírios sabem

Meu corpo é cheio de farpas
Os dedos que me tocam, são
grossos e imperfeitos como joelhos.
Guardo, centenas de marcas
algumas cartas, uma canção.
Sei que errávamos e éramos
ainda amantes jovens
frágeis como coelhos.

Marina Ráz