sábado, agosto 06, 2005

0 hora 32 minutos e 15 segundos

A hora, horário, incendiário
cada minuto cinerário.
Inertes num mesmo cenário
Cada segundo pareceu,
um plágio, do que sucedeu...

Marina Ráz

segunda-feira, agosto 01, 2005

Você sei?

Está no livro
"livro meu corpo"
nunca joguem
perolas ao porco.

Marina Ráz
cru&grosso

Eu existo
nisto e naquilo
tudo delito
quase dejeto
nada deleto
do que foi dito.

Marina Ráz

quarta-feira, junho 22, 2005

ARMOR

Desses pulmões frágeis
o hálito que lhe nomeia;
é doce e interminável,
mas infelizmente deforma
tudo em prisão formidável.

Marina Ráz

sábado, junho 18, 2005

A colheria

Em versos longos e sentidos
nos ombros e nos ouvidos
meço a vastidão dos espaços
entre o vão dos meus braços.

Quem se acomoda aqui
a não ser os meus seios?

Marina Ráz

sábado, junho 04, 2005

Amor

no primeiro verso
o papel fica rubro
e pega fogo.

Eu ainda o cubro
e vejo no resto
cinza e gozo.

Marina Ráz

sábado, maio 21, 2005

Jaula de lata

A morte surge
urge todo dia,
a vida, a presa,
enquanto ela espia

ruge suas presas
e a morte inda ria
"não há quem mude"
a hora viria.

"Que tudo enferruje
não existe alforria!"
Num ciclo presa

nada a ilude
medo e beleza
uma única via.

Marina Ráz

sexta-feira, maio 06, 2005

Má invenção

A vida procede a pau e pérrima
amar é imperdoável, nada mais
é tão agradável, tanto faz
o céu logo acima
e o inferno em plena esgrima.

A vida num impacto
torna tudoemmimcompacto
depois de tanto obstáculo
que acabe logo o espetáculo.

Marina Ráz

terça-feira, abril 19, 2005

Temporiso

O som vem do osso, eu
ouço crescer e crepitar.
Não há volta, só desvendar,
em qual nota, tom ou
vento irá pairar,

pois a música, indivisível, é
uma jaula invisível ao tempo.

Marina Ráz

domingo, abril 10, 2005

Framboesas e maçãs

Guardo rosas nos rins
filtrando as pétala até
encher a bexiga
como areia fina
para regar jardins
com pouca urina.

Marina Ráz

sábado, março 26, 2005

Esse amor

sei que tudo atravessa
a pressa estendida, longa,
mais do que as pernas.
Por mais que eu meça
diga, conte ainda essa
ou outra peripécia.

O coração engessa
qualquer idéia dessa.

Marina Ráz

sexta-feira, março 18, 2005

Batráquios terríveis

Como como um bicho faminto
como como homens não minto
canibais sempre deixam vestígios.

Marina Ráz

domingo, fevereiro 06, 2005

Pálpebra invertida

Sobre meus ombros
semeiam centenas
de tempestades.
Como se o mundo
fosse um campo
crivado de espadas.

Minha alma aplaude
"destruam esse corpo
essa casca inimiga
que me consome
...jaula de muitos metros..."

Que desfrutem, tudo,
e dancem seus rituais
sobre minhas costelas.

Marina Ráz.

segunda-feira, janeiro 10, 2005

Descoberta, descoberta.

Tórrido o meu dedo
decreta o degredo
de todo segredo.

Marina Ráz.