terça-feira, dezembro 16, 2008

Analise acerca de Belchior

A máquina maquina
qual idéia será prima
passara de areia fina
carvão bruto de mina
martelo, lixa e lima
refina a brita reluzente
analisa, prepara e fixa.
Chamo-te de mente!

Marina Ráz.
Para momentos de cura

Tanto que teima
tentar, tento, tent(a)dor
fazer como f(l)or,
queimar.

Tento na |p|alma
guarda {enterrar},
o que há de mais
aterrador.

Marina Ráz.

terça-feira, novembro 04, 2008

Frappé

Onde vou encontrar você?
Se todas as pegadas estão
voltadas para trás
atrás de algo desconhecido.

Parecido com suor que
ara meu rosto o enrugando
deixando um gosto desconhecido.

Marina Ráz.

quarta-feira, outubro 15, 2008

Vésperas incendiárias

Minhas entranhas estão grunhindo
acho que engoli um violino
desafinado e o seu músico
desajeitado.

Esses murmúrios secos
como dois gatos obesos
fazendo sexo no beco.

Eu posso sentir meu hálito
tomar a forma, crescer!
Áspero como um cacto.

Então jorra, transborda,
es
_co
__rr
___e,
da minha boca:

"Eu te amo."

Marina Ráz.

quinta-feira, maio 29, 2008

Minuto

Como despertar o tempo?
Na base do grito, um furacão...
eu tento e descubro um vão
entre o que desejo e o que
carrego com minhas mãos.

Marina Ráz.

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Dois no Norte

Vou-me amor tecida
com um traje d'gala
sirvo e sou sorvida
como doce de bala
o significado só dito
ao pé do seu ouvido.

Marina Ráz.
Crocodilos amados

Toda mulher quer ser desejada
quer ser amada e querida
quer aparecer nua
louca, descarada e desinibida.

Mesmo mulher, menina ou senhora
isso não se ensina na escola
é algo que nasce que cresce e que brota
na pele, no corpo e na alma
como o diabo gosta.

Eu sou menina, lolita e safada
quem dera você tivesse gana,
garras e uma força tirana,
mas eu continuo cigana.
Quem dera eu fosse domada.

Marina Ráz.
Fígado de flor

Essa dor estupenda,
com o coração
feito oferenda
numa bandeja
inda! pulsa! e tenta.
Soco ou corro,
Na mente é ira
diz: Veja, veja:
- Amor é uma lenda?.

Marina Ráz.

quinta-feira, janeiro 31, 2008

Como uma pêra

Os minutos são míseros
tudo aflige a carne,
amor, pedras e erros
nada vence o tempo.
Rugas como colméias
se formam na face.
Cada uma é uma frase
em silêncio me dizendo
“a vida é um remendo”.

Marina Ráz.

sábado, janeiro 19, 2008

Clara disse

Todos os retratos de pessoas
são um retrato de Mona Lisa.
Pequeno sorriso, pequena vida.
Minha exigência é o meu tamanho,
meu vazio é a minha medida.
Viver me tira o sono, viver
que eu havia domesticado
para torná-lo familiar.
A vida se me é. A vida se me é,
e eu não entendo o que digo.
E então adoro.

Marina Ráz.