domingo, agosto 30, 2009

Minuto a minuto

Sou levada por isso e aquilo
levada a viver menina levada
entro, mas não pago entrada,
malcriada eu me demonsto
sobram espaços, faltam os modos
monto sobram os parafusos.

Marina Ráz.

sexta-feira, agosto 07, 2009

Após as 9 da manhã

Quero colidir com planetas distantes
e decidir por uma vida ambulante.
Cerveja, cigarros e cães vira-latas
todos os vícios de marcas baratas,
uma lenda urbana, uma promoção
imperdível das Lojas Pernanbucanas.

Marina Ráz.

terça-feira, agosto 04, 2009

Como se eu carregasse um boi no peito,

Descasco o meu punho
dedo a dedo, feito pétalas,
descubro a palma da mão.
Não segurava tesouros arcaicos,
sim um fruto em floração
morno em carne o meu coração
esse órgão recém nascido
que pulsa sem parar a saudação
"coma-me, coma-me, coma-me!"
Botou nele um colar de perolas
e o prendeu sob belezas inertes.

Marina Ráz.
Canção da torre

Quando escrevo
penso branco,
sem entrevo.
Traço franco

meu desejo
sobre papel
como o vejo.
Faço um quartel

redor dele,
empunho armas
cavo valas.

- Cá nada entra
e nada mais,
amar, jamais!?

Marina Ráz.
Merca( L )do

Vou de lado alado
feito um caranguejo
vou de cabo_a_rabo
feito um diabo

Sou tempe( R )ro
desse caldo insosso
ginsenge sal grosso
vou do sul ao Mato Grosso
montado no lombo do capeta

Enquanto o mundo chora
eu mamo na chupeta

Marina Ráz.
Amor

Tal palavra se forma, e
orna no meu estomago
ulceras bolhas chamas
no âmago cheio de marcas
caem pelos sobram sarnas

Colho sete fantasmas
no olho do ser amado

Essas feridas abertas
vão fechando-se feito
pétalas.

Marina Ráz.



Procuro. Não entendo. Vivo essa profunda confusão, de antemão aviso, que só de avisos sei viver os recebo aos montes, devolvo na mesma medida. Não saio disso, sempre a um passo da ida como um laço (!) que me prende ao redor de mim mesma, tenho que me transformar para caber em mim. Sou tão covarde que preciso ser corajosa para viver assim, sempre a um passo da ida como um laço (!) que me prende ao redor de mim mesma.

Uma sonâmbula. Noctâmbula. Caminho pela vida adormecida, tudo acontece, tudo é esquecido. Eu esqueci. E nem sei que esqueci o que esqueci. É como ter uma riqueza que não se pode despender, ser Alteza, num mundo de Reis.

Sei. Só amo, só amar, tudo aquilo que não posso tocar. É como engordar trinta quilos de uma só vez, carrego um peso que desconheço, mas que adoro.


Marina Ráz.