AS MENINAS
As calcinhas ali no varal, choravam molhadas, cada qual vizinhas. Mas se sentiam sozinhas e sempre dadas. Tinham cores, todas elas; Bordo, Rosa, Vergonha e Sem-vergonha.A mais rosa delas, dizia:
- Tia. Adoro bonecas, são tão bonitas, magras, sedosas. Gulosas essas pragas, beberam todo o chá as sapecas.
Uma que já tinha pouca linha e já passado, desses laçados de boneca. Não era mais moleca, era bordo:
- Ai que horror! Viram só vizinhas? Aquela calcinha, de cara vermelha, ela acha que é rainha e abelha. Desse cortiço, esse viço feminino, de trapos pequeninos.
Pobre da Vergonha, ali tristonha, ainda sonha malícia; Que havia, aprendido sem querer, coisa da idade precisa saber.
- Ai vergonha, ponha seus sonhos cá. Dizia Sem-vergonha com tua cor que ninguém sabe qual é, cor de sem-vergonha.
- Tonha, não há o que sonha, cada homem sabe que não importa cor, por sermos só pra tirar.
Marina Ráz.
Um comentário:
Gostei deste teu texto. Legal mesmo. Parabéns.
tenho uns aqui: http://davialgunsversos.blogspot.com/
Sucesso pra vc!
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