Em minhas pálpebras,
Sem perto ou distante
no instante repleto
de asas e agulhas
minha casa, minha fuga.
Eu me afogo e sinto
o fogo no ar que respiro.
Enquanto me houver saliva
e meu coração em carne viva
estou armada até os dentes
me protejo de tudo na vida.
Marina Ráz.
quarta-feira, dezembro 30, 2009
terça-feira, dezembro 22, 2009
AS MENINAS
As calcinhas ali no varal, choravam molhadas, cada qual vizinhas. Mas se sentiam sozinhas e sempre dadas. Tinham cores, todas elas; Bordo, Rosa, Vergonha e Sem-vergonha.A mais rosa delas, dizia:
- Tia. Adoro bonecas, são tão bonitas, magras, sedosas. Gulosas essas pragas, beberam todo o chá as sapecas.
Uma que já tinha pouca linha e já passado, desses laçados de boneca. Não era mais moleca, era bordo:
- Ai que horror! Viram só vizinhas? Aquela calcinha, de cara vermelha, ela acha que é rainha e abelha. Desse cortiço, esse viço feminino, de trapos pequeninos.
Pobre da Vergonha, ali tristonha, ainda sonha malícia; Que havia, aprendido sem querer, coisa da idade precisa saber.
- Ai vergonha, ponha seus sonhos cá. Dizia Sem-vergonha com tua cor que ninguém sabe qual é, cor de sem-vergonha.
- Tonha, não há o que sonha, cada homem sabe que não importa cor, por sermos só pra tirar.
Marina Ráz.
As calcinhas ali no varal, choravam molhadas, cada qual vizinhas. Mas se sentiam sozinhas e sempre dadas. Tinham cores, todas elas; Bordo, Rosa, Vergonha e Sem-vergonha.A mais rosa delas, dizia:
- Tia. Adoro bonecas, são tão bonitas, magras, sedosas. Gulosas essas pragas, beberam todo o chá as sapecas.
Uma que já tinha pouca linha e já passado, desses laçados de boneca. Não era mais moleca, era bordo:
- Ai que horror! Viram só vizinhas? Aquela calcinha, de cara vermelha, ela acha que é rainha e abelha. Desse cortiço, esse viço feminino, de trapos pequeninos.
Pobre da Vergonha, ali tristonha, ainda sonha malícia; Que havia, aprendido sem querer, coisa da idade precisa saber.
- Ai vergonha, ponha seus sonhos cá. Dizia Sem-vergonha com tua cor que ninguém sabe qual é, cor de sem-vergonha.
- Tonha, não há o que sonha, cada homem sabe que não importa cor, por sermos só pra tirar.
Marina Ráz.
sábado, dezembro 19, 2009
Todas as coisas
Dizer. Quem sabe. Acalme, mate. Ou ao menos; torture. O que quero. Digo: palavras, bendita de vocês; exorcizem. Olá.
Faço uma prece:
Toco, toco a margem da sua boca com meu dedo. Como que com medo da miragem eu agarro um desejo. E os contornos me coagem a não dizer, sem dormir meus olhos e renovar. E eu você não existimos somos extintos.
Se imortais seremos aos meus olhos, porque não, e sim somos extintos. E como elementos de um reflexo, de nós mesmos, cada pedaço reflete um cego. Uma fenda na memória de Deus, para ainda sim sermos nós mesmos.
Mas quem é você? Existe mesmo? Quem sabe não. Nunca existiu. Aconteceu na minha vida como acontecem chuvas, furacões, erupções vulcânicas como acontece Deus na vida das pessoas. Muitos usam de sofrimento para exprimir o sublimo de seus espíritos alguns a alegria, outros nada. Esses por acaso passam pela vida, enquanto nós dois, e afirmarei sempre isso, seremos a vida.
Posso estar errada. O maior dos desacertos. E louca. A maior das alienadas. Mas não podia deixar de dizer. Antes que tarde.
Devo ser multidão quando penso em você, multidão, pois o que sinto por você não cabe numa pessoa só. Surpreendente que caiba dentro de um único coração, o meu.
Marina Ráz.
Dizer. Quem sabe. Acalme, mate. Ou ao menos; torture. O que quero. Digo: palavras, bendita de vocês; exorcizem. Olá.
Faço uma prece:
Toco, toco a margem da sua boca com meu dedo. Como que com medo da miragem eu agarro um desejo. E os contornos me coagem a não dizer, sem dormir meus olhos e renovar. E eu você não existimos somos extintos.
Se imortais seremos aos meus olhos, porque não, e sim somos extintos. E como elementos de um reflexo, de nós mesmos, cada pedaço reflete um cego. Uma fenda na memória de Deus, para ainda sim sermos nós mesmos.
Mas quem é você? Existe mesmo? Quem sabe não. Nunca existiu. Aconteceu na minha vida como acontecem chuvas, furacões, erupções vulcânicas como acontece Deus na vida das pessoas. Muitos usam de sofrimento para exprimir o sublimo de seus espíritos alguns a alegria, outros nada. Esses por acaso passam pela vida, enquanto nós dois, e afirmarei sempre isso, seremos a vida.
Posso estar errada. O maior dos desacertos. E louca. A maior das alienadas. Mas não podia deixar de dizer. Antes que tarde.
Devo ser multidão quando penso em você, multidão, pois o que sinto por você não cabe numa pessoa só. Surpreendente que caiba dentro de um único coração, o meu.
Marina Ráz.
sábado, novembro 21, 2009
quarta-feira, novembro 18, 2009
sábado, novembro 07, 2009
Faria Lima 19:00
A chuva no parabrisa
cria sua própria geografia
um ninho de faróis
aninhados, um novo sol
vermelho STOP.
|| || || || você|| || || ||
|| || || || || || || ||
|| || || || || || || ||
|| || || || nós || || || ||
|| || || || || || || ||
|| || || || || || || ||
|| || || || || || || ||
|| || || || eu || || || ||
Marina Ráz.
A chuva no parabrisa
cria sua própria geografia
um ninho de faróis
aninhados, um novo sol
vermelho STOP.
|| || || || você|| || || ||
|| || || || || || || ||
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|| || || || nós || || || ||
|| || || || || || || ||
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|| || || || eu || || || ||
Marina Ráz.
quarta-feira, novembro 04, 2009
domingo, agosto 30, 2009
sexta-feira, agosto 07, 2009
terça-feira, agosto 04, 2009
Como se eu carregasse um boi no peito,
Descasco o meu punho
dedo a dedo, feito pétalas,
descubro a palma da mão.
Não segurava tesouros arcaicos,
sim um fruto em floração
morno em carne o meu coração
esse órgão recém nascido
que pulsa sem parar a saudação
"coma-me, coma-me, coma-me!"
Botou nele um colar de perolas
e o prendeu sob belezas inertes.
Marina Ráz.
Descasco o meu punho
dedo a dedo, feito pétalas,
descubro a palma da mão.
Não segurava tesouros arcaicos,
sim um fruto em floração
morno em carne o meu coração
esse órgão recém nascido
que pulsa sem parar a saudação
"coma-me, coma-me, coma-me!"
Botou nele um colar de perolas
e o prendeu sob belezas inertes.
Marina Ráz.
Procuro. Não entendo. Vivo essa profunda confusão, de antemão aviso, que só de avisos sei viver os recebo aos montes, devolvo na mesma medida. Não saio disso, sempre a um passo da ida como um laço (!) que me prende ao redor de mim mesma, tenho que me transformar para caber em mim. Sou tão covarde que preciso ser corajosa para viver assim, sempre a um passo da ida como um laço (!) que me prende ao redor de mim mesma.
Uma sonâmbula. Noctâmbula. Caminho pela vida adormecida, tudo acontece, tudo é esquecido. Eu esqueci. E nem sei que esqueci o que esqueci. É como ter uma riqueza que não se pode despender, ser Alteza, num mundo de Reis.
Sei. Só amo, só amar, tudo aquilo que não posso tocar. É como engordar trinta quilos de uma só vez, carrego um peso que desconheço, mas que adoro.
Marina Ráz.
quinta-feira, maio 28, 2009
Hoje do mesmo lado
Vá meu amor, grite,
assuste a todos com sua voz.
Tome forma, mude o tempo,
tire a venda, rasgue, despedace!
Cresça dentro de mim, faça
meus seus braços, minhas suas pernas,
meus olhos sua morada e minha boca
sua fuga.
Quero sentir, mais do que sentir,
o seu gosto em minha saliva
mais parte de mim do que mim mesma.
Marina Ráz.
Vá meu amor, grite,
assuste a todos com sua voz.
Tome forma, mude o tempo,
tire a venda, rasgue, despedace!
Cresça dentro de mim, faça
meus seus braços, minhas suas pernas,
meus olhos sua morada e minha boca
sua fuga.
Quero sentir, mais do que sentir,
o seu gosto em minha saliva
mais parte de mim do que mim mesma.
Marina Ráz.
quarta-feira, março 25, 2009
segunda-feira, fevereiro 09, 2009
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